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Meu Diário
14/04/2009 10h02
Se eu perder este trem

Não consigo estar atualizada. Sempre chego depois que a notícia já está mais do que batida. Mas até que desta vez, por ser uma suburbana que mora num bairro alimentado pela via férrea, os acontecimentos acabam por afetar diretamente meu dia-a-dia.

Minha secretária do lar disse hoje que vai ter que sair mais cedo por causa da greve parcial dos trens que acontece desde ontem... Minhas pacientes irão faltar à consulta marcada. O trânsito nas ruas se tornará insuportável, os ônibus vão superlotar. Vai sobrar pra todo mundo. Toda a sociedade, principalmente a economia, sofre com greve dos transportes urbanos.

Para entenderem, algumas até têm meio de transporte próprio ou poderiam ir de ônibus, até mesmo de táxi, mas trabalham no centro da cidade e acharam uma excelente forma de chegar rápido ao consultório.

Fui ler sobre o assunto e repasso:

“A concessionária Supervia, que administra os cinco ramais de trens que passam por 11 cidades no Rio de Janeiro, anunciou que entrará na Justiça para a imediata decretação da abusividade da paralisação dos maquinistas. A paralisação por 24 horas dos ferroviários causa transtorno e atrasos no transporte de passageiros no Rio”.

“As 250 mil pessoas que usam os trens diariamente como meio de transporte na região metropolitana do Rio serão prejudicadas”.

“O motivo da greve é pedir maior segurança para os funcionários e passageiros da Supervia. Ocorrem casos recentes de choques de trens . Vagões circulam com as portas abertas, colocando em risco a vida das pessoas.

“Paralisação é por falta de segurança, diz sindicato”.

“A assessoria da SuperVia acredita que a paralisação seja para forçar a empresa a atender a uma lista de 87 reivindicações apresentadas no final do mês passado pela categoria. Dentre elas estão um reajuste salarial de 80% do piso; redução da carga horária semanal de 40 horas para 36 horas; folga no dia do aniversário”.

Meus questionamentos:

Se nesta greve aceitarem cumprir todos os requisitos exigidos, menos o da melhoria das condições de certos trens, eles voltam a trabalhar?

Como fazer com que trens que rodam por aí sejam reformados em tempo recorde? Quanto tempo levaria para se colocar unidades novas no sistema? Não estou falando de investimento, pois isso já deveria estar sendo feito há muitos anos. Estou me referindo a tempo.

Acredito ser válida a posição dos profissionais que encabeçam o movimento, mas eu alerto que depois da paralisação parcial seja mantida uma comissão que obrigue à reforma desse tipo de transporte, no que diz respeito à conservação, segurança e conforto.

É uma vergonha saber que, apesar de o transporte ferroviário existir desde o tempo colonial e ainda ser imprescindível em nossa cidade, não invistam nisso de forma efetiva. Um transporte barato e prático para toda a população, que poderia hoje ter o mesmo padrão da Europa.

O risco de acidentes existe, sim. E só quem viaja de trem sabe disso.

Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com

Foto de Leila Marinho Lage
Vagão da Leopoldina, do tempo do império
Museu do trem, Méier, subúrbio carioca


Publicado por Leila Marinho Lage em 14/04/2009 às 10h02



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