Clube da Menô

A minha vida só é possível incrementada!

Textos


BOLINHO GOOGLE

AMIGOS, AQUI É DONA MENÔ.

Preciso que vocês me protejam antes que a minha chefe volte.

A doctor viajou e eu fiquei aqui em casa com uma séria incumbência, a de receber seu técnico que formataria seus computadores, Enoque Barros. A minha única responsabilidade seria esquentar o almoço e fazer um bolinho de milho com cobertura de chocolate.

Não seria nada difícil, uma vez que eu tinha a receita passo a passo. O bolo ficou legal, mas faltou chocolate pra cobrir o bolo inteiro. Eu tinha que improvisar. Enquanto Enoque trabalhava, abri a geladeira e vi um pote onde estava escrito hot chili peper jelly. Eu não sei inglês, mas “jelly” eu lembrava que significa geleia. Foi isto mesmo que completei na cobertura.

Ficou meio feio, mas achei algumas cerejas e as coloquei em cima do bolo. Então ficou bacana!

Depois de horas e horas de trabalho de Enoque, tentando descobrir o que travava o computador, eu servi o bobó de camarão feito pela doc. Ele só elogiava. Daí, servi minha sobremesa...

Ele só falava: “Picante, picante!”. Como ele é do nordeste, achei que ele usava alguma gíria da sua terra. Em certo momento, na nossa sobremesa, perguntei pra ele sobre o que travava o computador. Ele olhou pra mim com olhos arregalados e gritou: “Glug, Glug!”.

- Como é que é, Enoque? Foi o Google?!”.

Ele espaldava as mãos em minha direção, quase me abraçando, com aquele olhos vidrados:

-“Glow, Glow!”.

-“Ih, Enoque! Não conheço este programa, não!”.

-“Glote! Edema de glote! To tendo alergia a pimenta!”.

Eu não sabia o que era edema de glote, mas entendia que ele estava agoniado com alguma coisa na garganta. O jeito foi jogá-lo no chão e pisar das costas dele, pois imaginei que ele tinha se entalado com a cereja. Enquanto isto, eu ligava pra doctor pra ela me ajudar.

-“Como estão os sinais vitais dele?”, ela perguntava.

-“Sei lá! Ele está de costas no chão, esticado que nem uma perereca branca. Devo tirar meu pé de cima dele?...”.

Minha chefe gritava comigo pra colocá-lo sentado e dar tapas nas costas, verificar se ele estava respirando, se estava roxo, se conseguia se comunicar, um monte de coisa. O jeito foi apelar para a psicologia:

-“Enoque, você não está tendo nenhum edema de Google! Você se engasgou com a cereja. Fala aqui com a doutora”.

Eu já estava com o carro ligado pra levar meu amigo para um hospital, quando ele apareceu lívido, com a mochila e com cara de poucos amigos.

-“E aí? Vamos pro Salgado Filho?”.

-“Não! Vou pra minha casa!”.

-“Ok, mas quanto é o teu serviço?”.

-“Nada!”.

Poxa... Ele estava tão agradecido que até fez cortesia...

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Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 19/06/2016



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