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25/05/2009 08h55
Que bom estar em casa!
Que bom estar em casa
Da série "A Mudança" - não sei que número
Quantas vezes a gente odeia ficar em casa, não é? A gente não percebe o valor de nosso canto quando estamos enfurnados nele, mas ao sairmos para longe, deixando nossas marcas e nossas coisas em algum recanto, ao voltarmos a ele, sentimos que estamos retornando às nossas raízes, ao nosso ponto de partida, à nossa síntese.
Muitos para quem agora escrevo não me conhecem – cadastraram-se recentemente em meu site (o Clube da Dona Menô) ou me leram através do Recanto das Letras, neste site do escritor que tenho aqui, e talvez não possam entender a intensidade do que escrevo. Para todos os meus leitores e amigos vou falar tão simplesmente que nem darei bola para ortografia, senão a inspiração foge...
Estive colhendo material para textos culturais e novas formatações em power point slides. Passei da fase de escrever muito e todo dia, e até passei da fase de me preocupar com meu site, de achá-lo massa falida, que ele está indo pro beleléu. Cheguei à conclusão de que quem me acessa e fica, está na minha praia e vê, como eu, as coisas importantes do mundo.
Acho o maior barato saber que pessoas me leem antes de trabalhar, antes de abrirem seus computadores para a lida do dia. Também acho o máximo saber que pessoas de todas as idades gostam do que envio – algumas até ficaram amigas!!! E por essas pessoas eu escrevo hoje este textinho.
Eu preciso de muitos dias para estudar sobre algum assunto antes de publicar, principalmente quando se trata de artigos que envolvem a história do Brasil. Assim sendo, estarei pesquisando bastante, mas muito mesmo, antes de enviar as coisas LINDAS que pretendo fazer.
Chego de viagem e entro em minha casa. Eu posso dizer com toda a sinceridade que a melhor parte da viagem aconteceu horas atrás, ao abrir a porta. Talvez eu tenha encontrado em terras distantes o que eu precisava encontrar aqui neste canto que abriga meu pc: aconchego, segurança, tranquilidade.
Minha casa até hoje estava sendo interpretada por mim como um lugar muito estranho, sem minha personalidade, sem dono, apenas um lugar para enfeitar com bugigangas, local onde morou uma pessoa com problemas mentais e que morreu na minha sala. Eu colocava coisas bonitinhas e depois ia dormir. Mas, ao contrário, eu tive nesta noite uma sensação de paz, ao virar as chaves que me traziam de volta.
Antes da tal viagem, quando coloquei tudo rapidinho em malas e saí batida, eu nem percebi que fazia exatamente o que eu faço todos os dias: eu raciocinava sobre o que era imprescindível e básico à minha sobrevivência física: documentos, dinheiro, agasalho, sapatos, roteiros, carregadores de baterias, endereços...
Andei por aí e voltei. Quando a porta de minha casa foi reaberta, eu senti cheiros de infância, de passados, de pessoas que se foram, mas que continuam ao meu lado. Ouvi minha mãe gritando lá da cozinha: “Leilinha, quer um ovo frito ou vai dormir um pouquinho antes de comer?”. Eu voltei ao tempo...
Seja qual for o lugar que eu habite, o chão que eu pise, o teto que me proteja de ventos e chuvas, se eu colocar nesse lugar tudo o que eu aprendi na vida, estarei bem, estarei em comunhão com Deus.
Nunca vi minha velha casa nova como um lar, mas hoje foi diferente. Meu lar... Tive que ir longe para entendê-lo. Aqui eu economizo a presença dos amigos por achar que tudo é trabalhoso. Aqui eu enfeito paredes apenas por decoração e aqui eu descobri, ao voltar, que meu cheiro ficou, que meu passado não foi embora, que tudo que está à minha volta domina qualquer interferência negativa que eu tenha do imóvel.
Tive que estar em contato com pessoas, muitas pessoas, e também pessoas especiais pra mim, pra depois me sentir bem sozinha, no silêncio gostoso de uma casa, com cheiro de amaciante de roupas no varal, e perceber que eu trouxe, sem consciência, a espiritualidade da qual eu estava precisando.
Leila Marinho Lage
Rio, 24 de maio de 2009
http://www.clubedadonameno.com
Publicado por Leila Marinho Lage em 25/05/2009 às 08h55
14/04/2009 10h02
Se eu perder este trem
Não consigo estar atualizada. Sempre chego depois que a notícia já está mais do que batida. Mas até que desta vez, por ser uma suburbana que mora num bairro alimentado pela via férrea, os acontecimentos acabam por afetar diretamente meu dia-a-dia.
Minha secretária do lar disse hoje que vai ter que sair mais cedo por causa da greve parcial dos trens que acontece desde ontem... Minhas pacientes irão faltar à consulta marcada. O trânsito nas ruas se tornará insuportável, os ônibus vão superlotar. Vai sobrar pra todo mundo. Toda a sociedade, principalmente a economia, sofre com greve dos transportes urbanos.
Para entenderem, algumas até têm meio de transporte próprio ou poderiam ir de ônibus, até mesmo de táxi, mas trabalham no centro da cidade e acharam uma excelente forma de chegar rápido ao consultório.
Fui ler sobre o assunto e repasso:
“A concessionária Supervia, que administra os cinco ramais de trens que passam por 11 cidades no Rio de Janeiro, anunciou que entrará na Justiça para a imediata decretação da abusividade da paralisação dos maquinistas. A paralisação por 24 horas dos ferroviários causa transtorno e atrasos no transporte de passageiros no Rio”.
“As 250 mil pessoas que usam os trens diariamente como meio de transporte na região metropolitana do Rio serão prejudicadas”.
“O motivo da greve é pedir maior segurança para os funcionários e passageiros da Supervia. Ocorrem casos recentes de choques de trens . Vagões circulam com as portas abertas, colocando em risco a vida das pessoas.
“Paralisação é por falta de segurança, diz sindicato”.
“A assessoria da SuperVia acredita que a paralisação seja para forçar a empresa a atender a uma lista de 87 reivindicações apresentadas no final do mês passado pela categoria. Dentre elas estão um reajuste salarial de 80% do piso; redução da carga horária semanal de 40 horas para 36 horas; folga no dia do aniversário”.
Meus questionamentos:
Se nesta greve aceitarem cumprir todos os requisitos exigidos, menos o da melhoria das condições de certos trens, eles voltam a trabalhar?
Como fazer com que trens que rodam por aí sejam reformados em tempo recorde? Quanto tempo levaria para se colocar unidades novas no sistema? Não estou falando de investimento, pois isso já deveria estar sendo feito há muitos anos. Estou me referindo a tempo.
Acredito ser válida a posição dos profissionais que encabeçam o movimento, mas eu alerto que depois da paralisação parcial seja mantida uma comissão que obrigue à reforma desse tipo de transporte, no que diz respeito à conservação, segurança e conforto.
É uma vergonha saber que, apesar de o transporte ferroviário existir desde o tempo colonial e ainda ser imprescindível em nossa cidade, não invistam nisso de forma efetiva. Um transporte barato e prático para toda a população, que poderia hoje ter o mesmo padrão da Europa.
O risco de acidentes existe, sim. E só quem viaja de trem sabe disso.
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com
Foto de Leila Marinho Lage
Vagão da Leopoldina, do tempo do império
Museu do trem, Méier, subúrbio carioca
Publicado por Leila Marinho Lage em 14/04/2009 às 10h02
08/03/2009 19h13
Supermercado
Bolinho Ana Maria
Supermercado já não é lá um excelente programa, ainda mais com homem. Certos homens são melhores que mulheres na hora de fazer compras: econômicos, objetivos, práticos, pagam as contas e levam o que é absolutamente necessário. Outros são totais alienados: compram coisas absurdas e trazem pra casa tudo o que é prescindível no dia-a-dia. Ou quando pedimos algo, trazem exatamente o oposto do que queremos, mesmo que a gente tenha feito mapa, desenhos, anotações e roteiros dos stands e dos produtos...
Eu não preciso de Josualdo para fazer compras, mas pensando que seria uma boa curtir nossa relação TAMBÉM no supermercado, levei meu namorado junto comigo para as compras do mês.
Quer dizer: não faço compras de mês. Isso é coisa para assalariado e que ganha bem. No mercado a gente compra o que pode, depois de pagar o resto das contas - não há dia pra isso; é quando dá, e depende da ocasião. Quem faz o inverso está de barriga cheia e de saldo vazio...
Tenho um mercado quase ao lado de minha casa, o "Fendas". Não é lá coisa bacana, mas é do povão e conhecido. Produtos? Deixam a desejar, mas ninguém morre de fome. O problema é que não conservam as coisas direito e eu sempre abro caixas de coisas podres, ainda na validade...
De manhã cedinho é a melhor hora para as compras: tudo "quase" fresquinho, desde que saibamos bem sobre o que presta ou não... Com o tempo a gente aprende. As donas de casa saem com mordidas de mosquitos nas pernas. Já disseram que não é o mosquito do dengue, então, que todas sejam mordidas e não reclamem!
O melhor de tudo é o ar refrigerado. Poucos têm em suas casas um com tanta potência. Mesmo que o ar esteja com cheiro de geladeira velha, a gente se refresca enquanto faz nossos afazeres domésticos. Isto seria insignificante se não fosse uma temperatura indecente no Rio de Janeiro no mês de março de 2009, o que faz não termos a menor disposição para nada!!!
Um dia eu quis comprar um rádio-relógio por lá... Achei um negócio da China encontrar um por R$ 29,90. Ao chegar à minha casa descobri que o mesmo não funcionava. Fui lá trocar e todos os produtos da prateleira estavam com o mesmo defeito - todos os 30... Tive que trocar por acelgas e brócolis. Uma semana depois os mesmos estavam lá, para o mesmo fim, como também, acelgas e brócolis para as devidas trocas.
Foi aí que eu convidei Jô, meu namorado, para me acompanhar em novas compras. Ele até que gostou, apesar de odiar essa parte da rotina. Ele seria importante para mim na hora de ensacar as coisas - talvez...
Enquanto eu andava atrás do que precisava, Josualdo estancou à frente do balcão dos perfumes e xampus. O pessoal do mercado já não coloca mais doces e chocolates nas prateleiras da frente, pois descobriram que brasileiro se encanta mais com cheiros bons. A média de tempo que se perde na parte de cosméticos é o dobro da perdida numa fila de carne, onde reclamamos que nem loucos pela demora.
Mulher inteligente sabe o xampu melhor, a "gillette" mais potente e o desodorante que não dá pereba, mas homem não! Eles abrem todos os frascos e cheiram, cheiram...
Enquanto eu apalpava jilós e quiabos, para descobrir os que não estavam passados, Jô se encantava com o sabonete para machos, lançado pela Ginólia... Eu gritava com ele, sem o enxergar, para que me acompanhasse, até que eu tive que ligar para seu celular, intimando-o: "Ou você vem agora pra ala dos embutidos ou eu não dou pra você hoje!".
Até que foi legal na hora em que comparávamos os preços dos produtos de outros mercados, nos encartes de jornais. Poderíamos protestar pelo preço em dobro que cobravam. Foi o momento mais romântico:
"Meu bem, você não acha que a linguiça aqui está um absurdo? Olha o preço que vendem a mesma marca no mercado "Rio de Janeiro"... E no "Super" está menos que a metade!".
Eu tinha um verdadeiro companheiro ao meu lado, salvaguardando nosso orçamento... Até que ele descobriu a seção das caixinhas de comidas: ele queria porque queria levar empadão de carne e espinafre, cheio de conservante e com cheiro de peixe, mesmo eu dizendo que tinha feito um fresquinho. Ele disse que os de caixinha eram mais gostosos... Claro!!! Nada que um Floratil não resolva, né?
De repente Simply Red começou a cantar no alto-falante. Não resisti: abracei Jô e comecei a dançar. Ele me chamou de maluca. Eu só tava comemorando a oportunidade de escolher o que comer, e de poder comer aquilo que eu quisesse! Quantos no mundo podem fazer isso? Quantos têm a variedade de coisas como nós? Heim?!
Logo depois eu o vi com um carrinho cheio de biscoitos, doces e guloseimas. Um convite para um cateterismo daqui a dois anos... Aí eu dei uma de louca, pois ele briga com o que eu gasto, dizendo que eu não sou controlada...
Um dia desses eu ouvi de uma dona de casa que estava na fila junto a mim, que a classe média gasta em média dez mil paus ao ano com comida... Eu acho que dá bem mais, dependendo do número de pessoas ou dos hábitos - isso na classe média ou média-alta... Na classe baixa a realidade é bem outra.
Eu quis sacanear Jô. Disse que iria roubar uma "Ana Maria", aquele bolinho que dá azia, comer e não pagar. Ele ficou doido, pois é politicamente correto. Eu disse que estava deixando no mercado impostos que dariam para comprar muitas Ana Marias. Ele olhava para as câmeras no teto, enquanto eu comia...
E não paguei! Ele ficava com o envelope na mão, vazio, com medo de alguém ter visto. Eu dizia que não fazia diferença alguma, diante de trezentos paus que eu ia dar ao mercado. Ele insistia que aquilo não estava certo. Eu dizia que se ele passasse com o saco vazio, ia ser motivo de abstinência por um mês...
Na fila dos caixas foi outro problema. Ele ficou numa fila e eu noutra, para vermos quem chegava primeiro. Ele não queria que eu ficasse em outra porque aquilo seria injustiça com quem estivesse atrás. E me perguntou sobre o que eu diria, caso alguém reclamasse. Eu respondi: "Perdeu, meu irmão!".
Ele jurou que jamais entrará em um mercado comigo outra vez... Já é a terceira vez que ele diz isso. Mas posso dizer uma coisa: meu amor Josualdo é o melhor, o mais gostoso, o mais adorado, o mais respeitado, o mais idolatrado e o mais legal de toda a minha vida - mesmo que não saiba a diferença entre banana nanica e banana prata...
Beijos da Menô!!!
http://www.clubedadonameno.com
Publicado por Leila Marinho Lage em 08/03/2009 às 19h13
07/03/2009 15h59
À procura do dono perfeito
Existe um gatinho em certa casa, que se restabelece de um atropelamento. Ele viveu em uma casa sem ser considerado rei. Agora, depois que ficou um pouco dodói, não tem mais alguém que possa cuidar dele. Assim como os humanos quando ficam velhos...
Uma alma linda o está abrigando em um pequeno recinto. Só que esta alma boa é alérgica, e para piorar, uma cantora (maravilhosa), Leila Maria. Leila tem um karma: é alérgica, ama gatos e canta...
Quem quiser conhecer sobre a cantora, é só entrar em "Espaço Cultural" e ler os textos sobre ela, procurando os títulos onde constam seu nome, pois aqui no Recanto das Letras não estão em ordem ou não constam todos:
http://www.clubedadonameno.com/devaneios/menu_novo5.asp
Para saberem sobre o meu interesse sobre este caso, é só lerem os textos sobre GATOS , em crônicas, que, na verdade, têm mais a ver com minha vida do que com uma gatinha que eu criei. Os mesmos textos estão no meu outro site (Clube da Dona Menô), em odem alfabética ou numérica:
http://www.clubedadonameno.com/devaneios/menu_novo1.asp
Pois bem, eu estou preparando crônicas sobre uma pá de coisas para o site, além de textos médicos e novos PPS. Só que eu passarei este fim de semana meio que dividida com outros afazeres. Não pretendia enviar nada para vocês, mas me corta o coração saber que um gatinho lindo precisa de mãe ou pai e que está sendo causa de desespero para a minha amiga.
Eu sei o que é isso, pois eu abriguei LOBO por um noite em minha casa (um rusqui siberiano abandonado). O pior era que ele estava fedido e doente, mas tinha os olhos mais lindos do mundo olhando agradecido para mim. Este cão hoje é guardião da casa de uma veterinária.
Preciso adotar um gatinho! Quem o quiser será agraciado com uma bela fotografia no Clube da Dona Menô, ao lado dele e ao lado de Leila Maria! Que luxo!
Vamulá, turma! Quem é que vai me escrever?!
Leila Marinho Lage
7 de março de 2009
Publicado por Leila Marinho Lage em 07/03/2009 às 15h59
04/03/2009 09h55
Música de fundo
A Música de Fundo
A música de fundo no site vinculado ao Recanto das Letras, o Clube da Menô, na data de hoje, é a música CORCOVADO, de Tom Jobim, que em inglês teve a versão de Gene Lees e Buddy Kaye, com o título “Quiet nights of quiet stars”. Leila Maria, uma grande amiga e cantora excepcional, a interpreta.
Esta canção faz parte de uma coletânea da MPB, traduzida para o inglês e gravada no disco Off Key (gravadora Rob Digital), que é título da música Desafinado, também de Jobim.
CORCOVADO
Composição de Tom Jobim
Um cantinho e um violão
Este amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor, que lindo!
Quero a vida sempre assim, com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade, meu amor
QUIET NIGHTS OF QUIET STARS (Corcovado)
Quiet nights of quiet stars
Quiet chords from my guitar
Floating on the silence that surrounds us
Quiet thoughts and quiet dreams
Quiet walks by quiet streams
And a window looking on the mountains
And the sea, so lovely
This is where I want to be
Here, with you so close to me
Until the final flicker of life's amber
I who was lost and lonely
Believing life was only
A bitter tragic joke
Have found with you
Publicado por Leila Marinho Lage em 04/03/2009 às 09h55
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