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No jornal

Eu não acreditei, mas é verdade.... Vão retirar os fusis dos policiais. Serão substituídos pelas carabinas Taurus CT 30, decisão da Secretaria de Segurança Pública (Seseg). Os recursos virão do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), do governo federal. 

Justificativa: 

Assim poderão errar o alvo com menos estragos.

Vantagens:

Carabinas são mais leves, mais práticas pra transportar.
Elas possuem menos poder de fogo, portanto, será mais fácil para identificar quem meteu a bala no cidadão inocente.
Somente as forças especiais estarão aptas a portar fusis.

Desvantagens:

Cada vez fica mais difícil fazer frente ao crime, que está muito bem armado.
Carabina requer maior manuseio.
Milhões foram investidos nisso, enquanto os carros dos policiais continuam as mesmas carroças.

Pergunta:

Quem hoje sonha em ser policial? E por que motivos?
Existe um aspirante a policial que queira entrar nessa por sonhar em salvar ou proteger vidas?
Quem é policial tem realmente condição de ser? Esta pessoa foi preparada psicologica e tecnicamente para enfrentar esta guerra?

Há alguns anos a filha de uma prima, de uns 3 anos de idade, foi fusilada num fogo cruzado entre bandidos e policiais que passavam na rua. Os policiais estavam a pé e os bandidos de carro. Resolveram ali, na rua, armar uma batalha, com um monte de pessoas saindo de uma festa infantil.

Não se sabe de onde veio a bala de fusil que perfurou a menina e a mãe ao mesmo tempo. A mãe até hoje tem sequelas na perna e a menina morreu depois de duas ciriurgias e muito, muito, muito sofrimento.

Com uma carabina também poderia acontecer o mesmo, pois não se sabe se foi o bandido que atirou na população para assustar a polícia ou se foi a própria polícia, no afã de pegar os bandidos.

Detalhes:

Os bandidos não ameaçavam as pessoas que voltavam pra casa num final de domingo. Estavam sendo seguidos pelos policias, os quais escolheram exatamente aquele momento para travar fogo.

Ameaças telefônicas anônimas foram feitas e os pais se calaram. Outras pessoas morreram naquele dia, vítimas do confronto. 

Um criminosinho foi pego. Eu o vi sentado num banco de hospital, fumando, com uma bala em algum lugar do corpo. Sua mamãe estava ao lado dele. 

A criança estava entre a vida e a morte no mesmo hospital, num centro cirúrgico. Sua mãe, minha prima, pediu que a deixasse com a perna quase separada do corpo, naquela emergência imunda, onde ela estava numa maca gelada, e subisse pra ajudar sua filha. Outras vítimas do "acidente" agonizavam estilhaçadas.

Bem, pelo menos aquele delinquente estava mortinho da silva horas depois. O hospital estava sobrecarregado. Foi uma fatalidade...

Resultado:

Os bandidos foram mortos pela polícia ao longo da semana.

A mãe, como todos que sobreviveram, merece o respeito de quem sofrerá a vida inteira por este acontecimento.

Muitos dias depois do ocorrido eu tive que dar a notícia à mãe sobre do falecimento da menina. Eu vi seu choro, que parecia de uma criancinha. Na tragédia, até sorrimos com alguma bobagem que eu falei na hora, enquanto ela ajeitava a perna quase apodrecida pela bala e se preparava para velar o corpo da filha.

Tudo ficou por isso mesmo. Hoje a menina seria uma mocinha.
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 30/07/2008
Alterado em 31/07/2008
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