Para uma amiga na Europa
Eu corto as pessoas, tiro órgãos, salvo vidas. Todos os dias eu raciocino sobre condutas, sinais e sintomas. Cada um é especial.
Eu estudei a minha vida toda para cuidar dessas vidas e não tive tempo para me divertir em computadores ou fazer viagens trasnsatlânticas, pagas a perder de vista. Preferi pagar as contas e as obrigações para ser o que sou hoje.
Li, estudei, viajei, mas aprendi mais com os seres humanos fracos de mente. Eles são material muito interessante para estudo da nossa sociedade. Eles não sabem, mas são marionetes. Sem saberem são alvos de pesquisas ou críticas.
Uma amiga recentemente me perguntou por e-mail se eu queria me encontrar com ela numa excursão da terceira idade na Europa. Fez de sacanagem. Quase disse para ela o seguinte:
“Ainda não estou na terceira idade, po! De qualquer forma, não tenho a sua grana e gostaria muito de ter sua idade e seus seios murchos, mas conhecer os lugares que está conhecendo...
Obrigada pelo convite, mas continuarei aqui no Brasil tentando sobreviver, pagar impostos e taxas que me dificultam de estar ao seu lado, curtindo o lazer de uma aposentada privilegiada ao final da vida...
Em breve estarei num lugar paradisíaco, a preço de banana (daqui), curtindo amor, sexo e rock'n Roll . Lembra o que é isso?? Sexo e rock?... Depois te lembro...
Torre Eiffel que se expluda! Eu quero é curtir a onda que vai me levar ao céu! O resto eu acho pelo Google.”
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 17/10/2008
Alterado em 12/10/2009