Clube da Menô

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Textos

Alguém já sonhou que estava nu?

Algum dia já sonharam que estavam nus? Ou que caíam de um precipício? Ou sem sapatos? Ou sem dinheiro? Alguém já sonhou estar grávida sem querer? Ou se perder em algum lugar estranho? Estar sem roupa? Perder tudo que construiu? Ou sonhou estar só e desprevenido?
 
É ruim não ter chão... É ruim termos notícias ruins... Hoje eu ouvi palavras que me deixaram mal. Eu fiquei quieta. Quando fico quieta é algo parecido com os dias que antecedem a erupção do Vesúvio. Palavras ditas por pessoas que não me conhecem e que me afrontam. Eu me senti humilhada.
 
 Eu tenho um site e escrevo em outras páginas. Eu coço minhas mãos e me contenho. O Vesúvio também...
 
Se eu perguntar a alguém qual seria uma notícia ruim, muitos diriam: “Ruim é saber que vou morrer”.
 
Pois bem... Morrer é uma evolução na vida - a vida a qual temos como conceito. É a conseqüência de uma trajetória. Nós vivemos construindo coisas, inclusive nossa identidade nesse mundo. Uns vêm para destruir, outros pra acrescentar algo na vida. Uns acabam e outros perpetuam sua existência.
 
Estar nu num sonho significa estar só. Por isso dizem que quem sonha estar sem sapatos está em contato com a morte. Eu sempre sonhei estar sem sapatos ou nua. Estive muito só em uma época (hoje não mais), mas ainda não morri.
 
Houve um tempo em que eu sonhava estar falando inglês numa praia, que depois descobri ser o rio Tamisa. Já sonhei muito com a cidade de Parati sem ter conhecido até então, e depois confirmei cada escada que posteriormente pisei, cada rua, cada recanto.
 
Já sonhei com o Rio Tejo, pensando ser um mar enorme, que depois descobri ser a nascente deste rio, em Toledo, na Espanha, que na época nem sabia onde era.
 
Uma amiga viajava pela Europa, mas eu não sabia onde ela estava no dia do sonho. Eu só lembro de ter dormido à tarde e ter sonhado com um lugar em que nós duas estávamos juntas. Estava muito quente. A imensidão da água nos rodeava e havia casas brancas num morro, no estilo do mediterrâneo, como se fosse a Grécia.
 
Fiz questão de escrever uma carta dizendo dos detalhes do sonho e deixei na casa dela, com desenhos. Quando ela voltou, foi direto para consultório e jogou uma foto na minha mesa, dizendo: “Bruxa, era aqui onde nós estávamos. Eu pensava em você naquele momento; em como você gostaria de ver este lugar”.
 
O estranho era que o local não tinha nada a ver com o que sonhei, mas ela disse: “Óbvio! Esta foi a foto que eu tirei. Eu estava olhando à minha frente! Agora, olhe de onde tirei a foto, aqui neste cartão postal!”.
 
Era o lugar do meu sonho. Senti lágrimas nos meus olhos de tanto nervoso.
 
A morte é a maior solidão: a morte de nossos sonhos, a morte de um trabalho, a morte de um ideal, a morte daquilo que temos de bom. Estamos sempre com medo daquilo que nos impede o caminho: a morte. Entretanto, morremos toda vez que nascemos e estamos expostos à ação externa, vulneráveis à chegada do fim ou à sua dura espera. Diante disso, no absurdo mundo atual, as pessoas se preparam para ela da forma com que são capazes: imbecil ou inteligentemente.
 
Todos, na maioria das vezes, estão totalmente despreparados para ela. Vivemos o tempo todo achando que somos invencíveis e imbatíveis, até que a “indesejada das gentes” bate seu martelo. O que fazemos nesse percurso, vai justificar nossa existência. Os que nada constroem, e apenas destroem, serão vomitados pela sociedade. Talvez nem isso, pois nem serão digeridos...
 
Enquanto neste exato momento crianças são mortas, enquanto muitos odeiam e muitos choram tristezas infindáveis, outros riem e se fartam de tanta satisfação na vida. Muitos são os caminhos que percorremos. Por que as pessoas insistem em ser superiores se não são? Por que não temos mais humildade para sermos apenas seres humanos, expostos a qualquer intempérie? Já viram o tamanho de uma onda em alto-mar? O que somos diante disso? Por que alguns são tão ridículos se podem ser destruídos com um sopro?
 
Sonhamos coisas boas, mas também temos pesadelos. Pressentimos, temos avisos, vemos além nos sonhos. Na vida real somos tão céticos e tão práticos que não aceitamos nossa capacidade paranormal. Devemos aceitar o que não conhecemos e aprender mais conosco e com nosso poder mental.
 
Eu paro e penso, reflito e pondero. Tento remediar sentimentos de raiva e me controlar para meu próprio bem. Uma forma de salvaguardar minha existência. Penso nas vidas que pus no mundo e em quanta gente eu salvei. Procuro ver meus valores e conciliar isso com uma existência prática. E digo a vocês, com toda a sinceridade, que em toda a minha vida, nos maiores pesadelos que me aconteceram eu estava acordada...
 
Leila Marinho Lage
Rio de Janeiro, 21 de novembro 2008
http://www.clubedadonameno.com

Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 24/11/2008
Alterado em 11/10/2009
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