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Natal com dengue
A última notícia (10 de dezembro de 20008) que traz à tona o fantasma da epidemia do dengue vem com a limpeza em mutirão de um depósito em um terreno baldio da Secretaria Estadual de Saúde, localizado em um bairro da zona Norte do Rio de Janeiro, o qual abrigava vários do mosquito aedes aegypti, transmissor da doença. O responsável pelo setor foi exonerado do cargo e eles fizeram seu comercial.
Hoje eu atendi uma paciente que tem anemia crônica. Não sei bem por que razão eu alertei: “Cuidado com o dengue!”. Ela me olhou assustada, talvez tentando associar a sua anemia com a minha recomendação, afinal, seria possível adquirir dengue, mas não provável.
O que me levou a falar aquilo?... E eu percebi instintivamente que começa de fato o perigo: a fase de chuvas deu uma trégua e reservatórios com água parada estão cheios; o clima quente ativa a proliferação do mosquito; as pessoas começam a se descuidar (usam menos roupas, estão entrando em férias, viajam mais). Como o dengue pode levar a transtornos de coagulação, com quadros hemorrágicos, o anêmico tem maior risco de ser submetido a uma transfusão de sangue ou plaquetas e de complicações clínicas, sérias e incontroláveis, se não detectadas a tempo.
No sul do Brasil, depois das enchentes, a população sofre neste momento com infecção por leptospirose, uma virose transmitida pelo esgoto, mais especificamente pela urina de ratos. Depois de calamidades assim, certamente isso estava previsto, como já estava previsto que em dezembro (e mesmo antes) voltaria a epidemia de dengue no Brasil inteiro. No ano passado as emergências ficaram lotadas com casos de dengue. Neste ano vai ser a mesma coisa.
A FIOCRUZ notificou em novembro que os ovos do mosquito podem suportar altas taxas de cloro nas piscinas e podem sobreviver por mais de um ano em água ou em superfície seca, significando, assim, que estamos expostos e sempre estivemos.
Vai começar o papo daqueles que descobriram fórmulas homeopáticas para não ficarmos doentes por dengue, ou inseticidas miraculosos que não intoxicam e acabam de vez com o mosquito. Os e-mails ridículos vão ser espalhados tanto quanto esta praga. Os hospitais vão começar a negar vagas para internações por falta de leitos. Pessoas vão morrer. Então, todo cuidado é pouco e o alerta deve vir de todos os lugares: dos médicos, dos amigos, da televisão, jornais, rádios etc. ALERTAS REAIS.
Vale lerem a página da Secretaria de Saúde e da FIOCRUZ (links abaixo) e o recadinho da Dona Menô:
1) Água reservada e parada ainda é a maior causa para a perpetuação dos ovos dos mosquitos. Os ovos também sobrevivem em água suja. 2) Até pequenas áreas com água, tais como vasos e tampinhas podem conter ovos. 3) A água do mar ou salgada é inóspita para o mosquito. 4) Repelentes de mosquito, específicos para ambientes ou para nossos próprios corpos, ainda são um bom meio para não sermos picados. 5) Os locais com pouca ventilação, até mesmo embaixo de uma mesa, podem ser propícios para a moradia dos mosquitos. 6) O mosquito aedes aegypti pica a partir da manhã até mais ou menos 18h. 7) Água sanitária e óleo na água podem diminuir a postura dos ovos, mas seria impossível que os colocássemos em todos os lugares escolhidos pelo mosquito. 8) Em casos de febre persistente, muita fraqueza, dores no corpo, sangramentos gengivais e oculares, ou pressão baixa, desmaios, devem procurar um médico e serem realizados os exames laboratoriais necessários. 9) Manter terrenos em péssimas condições, com reservatórios de água, é passível de multa. A denúncia de tais locais aos setores responsáveis é obrigação e direito do cidadão.
Os cientistas trabalham incessantemente para a melhor forma de erradicar o mosquito em nosso país. Estudos são realizados, porém somente após comprovação eficaz é que são divulgados. Isso é mais um motivo para que não acreditem na chuva de e-mails que receberão. Saibam que enquanto gente séria trabalha em silêncio, muitos também se preparam para ganhar alguma graninha com a epidemia!
Leila Marinho Lage
Rio, 11 de novembro de 2008 http://www.clubedadonameno.com
Saiba mais:
FIOCRUZ: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm
Secretaria de Saúde e Defesa Civil: http://www.saude.rj.gov.br/ http://www.saude.rj.gov.br/Guia_sus_cidadao/pg_50.shtml#50a
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 11/12/2008
Alterado em 11/10/2009
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