Clube da Menô

A minha vida só é possível incrementada!

Textos


Olha a onda!
 
Oi, meninos e meninas. Aqui é Dona Menô.
 
Estou teclando de um navio em pleno Carnaval. Sim, ganhei no bingo e o prêmio era uma viagem à Bahia.
 
Rio-Bahia não é lá nada esplendoroso, até porque eu não curto a Bahia... Viajar num navio também não é lá nada de especial. Muitas famílias pagam o ano todo prestações para poder ficar numa piscina com aquele axé infernizando a nossa cuca e depois vestir suas roupas compradas à prestação para o show de Agnaldo Rayol.

Por falar nisso, eu estaria bem melhor se Agnaldo estivesse aqui... Pelo menos eu ia ouvir arte, e das melhores. Mas não... Tem uma banda lá fora tocando pagode, e a turma tá doidona.
 
O interessante é que eu não vi ninguém com estria ou celulite, portanto nem entrei na piscina... Disse para todos que o sol causa câncer e que eu trato de minha pele com filtro solar fator 60... Para ser mais convincente, passei maisena na cara e abri um livro (que nem sei de quem era). Apoiei minha cabeça numa boia furada e assim passei minhas tardes, aturando as gostosas queimando seus peitos, enquanto Josualdo babava.
 
Bem feito... Agora ele baba de tanto vomitar lá na popa (ou será proa?...)... É sinetose. O movimento do barco causa náuseas e eu escondi todos os Dramamines da frasqueira...
 
Até bem pouco tempo vi latinhas de Coca-Cola boiando no mar, enquanto eu fazia o mesmo caminho de Cabral. Eu acho que também vomitaria se tivesse que tomar banho ao lado do cocô... E não sabemos até onde o cocô de nossas margens nos alcança.

No ano que vem eu vou fazer o tour da terceira idade. Mas vou escolher um navio que não tenha esses coroas chatos que dizem que devemos comer acelga e hortelã, e que alho faz bem à libido... Eu odeio alho - principalmente quando a libido vem...

Perguntei ao capitão se eu poderia ver uma pesca e ele disse que neste navio só pescam cocoroca e tainha... Camarões e cações se foram com a poluição. Até mesmo dela não nos vemos longe aqui em alto-mar.
 
Sabem quando é que eu comerei peixe?! Quando chegar à minha terra e pedir para o vendedor da peixaria Lins um atum, um cherne ou um salmão. São peixes de águas profundas ou de águas frias, e não gostam de poluição. Assim eu penso estar mais protegida.
 
Perguntei certo dia ao meu leal peixeiro qual o peixe bom pros ossos, uma vez que estou na menopausa e a osteoporose me alcança. Ele disse que só entende de espinha, mas que qualquer peixe é bom pra saúde. O problema é o que o peixe pode trazer em sua carne: chumbo, cádmio, mercúrio, coliformes fecais e por aí vai.

Dia desses Josualdo estava comigo na ilha de Paquetá... Caraca! Além do fedor de mijo de cavalo, ainda tive que aturar o fedor do mar. A certa hora ele tomou um porre e entrou na praia da Moreninha. Saiu com algo marrom e mole na boca. Eu disse que era uma alga, para que ele não surtasse, mas fiquei um mês sem o beijar, até ter certeza de que ele não ia ficar doente com uma hepatite ou algo assim...
 
To com o saquinho cheio, gente! Daqui a pouco estarei em terra, doida pra voltar pro Rio! Bahia eu já conheço. Eu só queria ver se no mar a coisa seria diferente... Coisa ruim isso aqui! E a internet neste laptop é uma merda!
 
Eu tive que olhar pra cara das mesmas pessoas chatas o tempo todo. Bom mesmo foram as saladas do self service... Parecia até que eu estava naqueles restaurantes do centro da cidade, comendo temperos à base de bicarbonato de sódio e óleo velho. Eu bem poderia estar comendo bem mais barato que aqui...
 
Gente, passeio de pobre é passeio de pobre. Pobre é pobre em qualquer lugar! ELES SABEM DISSO E EXPLORAM A POBRADA DE UMA FORMA VIL! Não gostei do garçom que veio me servindo coquetel de cereja sem álcool numa bandeja. Leite Moça com groselha eu tomo no boteco da minha rua, po!
 
Tentei dar uma de romântica na noite passada com Josualdo... Ele já tava mareado, mas chegou junto... O problema é que existem escotilhas na cabine e ele ficou o tempo todo olhando estupefato o brilho da lua no mar...
 
Ai, que coisa idílica... Eu comprei no Norte-Shopping um perfume de 300 paus e uma camisola que escondia meu excesso de peso, na cor vinho-tesão, mas Josualdo queria mesmo era ver um boto que pulava ao luar...
 
Lembrei do boto que comia a virgens na Amazônia. Nem pra isso serviu o transatlântico...

Eu quero ver trânsito! Eu quero ver gente normal! Dentro em breve eu irei pro meu lugar: Búzios! Aí, sim, eu vou me soltar! Lá eu sou amiga do NOSSO Rei!
 
Texto e foto
Leila Marinho Lage
Rio, 20 de janeiro de 2009
http://www.clubedadonameno.com

Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 20/01/2009
Alterado em 12/02/2011
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