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Alalaô, mas que caloooooor! Oi, aqui é Menô com calôôô. Meninos e meninas, eu vim aqui para conversar com vocês. Quero falar para ambos os sexos.
A doc fala teoricamente o que ela diz ser a fisiopatologia da “menô”... Eu até entendo tudo direitinho, mas na prática ela nada me adianta como solução... Ela diz que a gente tem que procurar um médico e não entrega o ouro ao bandido. A gente acaba apenas entendendo o que acontece com nosso corpo, mas o pulo do gato, que é o bom, nada!
É uma droga ser médica. Por isso eu entrei aqui pra falar por ela, na segunda língua na qual sou expert: português claro. Seguinte: menopausa é uma merda. A turma aí diz que estar na maturidade é ótimo. Até concordo... Dizem que é maravilhoso ser da meia-idade (que para mim já é terceira, uma vez que provavelmente não viverei cem anos) e que a gente só consegue alcançar o sumo da vida nesta faixa etária. Pois bem... Eu acredito nisso tudo, mas tudo que é bom tem seu preço. O preço para viver numa boa esta fase é caro pra caramba. Se a pessoa não tem maturidade emocional, despenca legal... Dizem que a mulher desaba a partir dos 50. Que nada! Ela começa a partir dos 30, quando ela acha que vai ter peito durinho durante a vida toda e descobre que a menininha roubou seu namorado... Daí, ao alcançar o status de ser chamada de tia ou senhora por todos, começa a colocar todos os artifícios em seu corpo: unhas, cabelos, seios, faces de porcelana, bundas e pernas de bonecas, reposições de nutrientes, sais minerais, hormônios e o escambal. Nos olhos surgem “moscas volantes” e halos azuis. As mãos marcam as voltas da vida. O sorriso é uma constante em todas as fotos, pois sem ele, pareceremos zangadas ou cansadas no retrato de nossa realidade. Cabelos indesejados ou cabelos que somem começam a nos levar mais a salões, de onde desejaríamos estar bem longe. O branco não significa mais a paz, a não ser quando é coberto por vermelho intenso ou castanho médio... Coisas atrofiam, outras, alargam ou caem... Que coisa! Como na adolescência, um vulcão toma conta da gente. Na juventude explodem hormônios que nos lançam à vida. Na idade madura, outros nos lançam ao desconhecido. E talvez aí é que a gente toma consciência da vida – a que já vivemos e a que nos resta. Um sinal de aviso é o calor. Um calor estranhíssimo, talvez só vivenciado por quem toma vinho tinto de canudinho em pleno verão. A gente mora dentro de nosso corpo como se este fosse o sertão do nordeste brasileiro, mas sem direito a água mineral. Eu já acordei pelada várias vezes durante a noite. Sensual?... Nada! Eu já acordei assustada muitas noites, querendo saber a razão de estar pelada. Parecia até coisa encomendada!
A doctor diz que o sono induz a liberação de não sei o quê. Quando a gente entra na menô nosso cérebro trabalha dobrado. Ele manda mensagens para nossa circulação sanguínea dilatar. A gente pode ficar toda ruborizada, pode sentir calor ou suar, como se estivéssemos numa maratona. Outras cositas podem ocorrer, tais como: dor no corpo, nos músculos e na pele, frio, insônia, tristeza ou irritabilidade, dor de cabeça, desatenção, tonteiras, insônia, pesadelos, uma tortura! Pior ainda é que a sexualidade pode diminuir - o que não acontece comigo, graças a Deus, pois Josualdo não me deixa tempo pra pensar nisso. Mas que a gente acaba preferindo comer cachorro-quente do que comer o cachorro quente, isso é verdade... Menstruar é chato mesmo, mas há quem goste, porque acha que isso significa purificação. Não concordo! Menstruar, entretanto, é símbolo de juventude, pelo menos hormonal. Aí, a gente para de sangrar ciclicamente e acha que vai se ver livre de um mal - até descobrirmos outros. Os nossos parceiros demorarão a entrar na teórica andropausa. Com o homem a coisa acontece mais devagar. Uns até passam de um estágio de tocha olímpica para vela de promessa numa rapidez impressionante, mas é mais raro. Homem maduro tem chama ardente, mas que se apaga fácil. Mulher madura, fogo perene, mas baixo, que aumenta com algum combustível. Assim sendo, se somos comandados por substâncias em nosso organismo, o que podemos fazer, então?
Ora! De que adiantou comer arroz com feijão a vida toda? E aqueles fortificantes que nossos pais empurravam pela nossa goela adentro? Aqui está a resposta: para quando chegasse nesta fase da vida! Muitos pediriam a Deus para estar no nosso lugar e apenas reclamar de enrugamento do corpo, mas tendo oportunidade de viver como nós. Então, vamos mudar esta situação, que é apenas uma situação momentânea, pois muita vida ainda teremos que encarar:
Comam como se estivessem rezando e rezem como se estivessem comendo - mas uma heresia de vez em quando só faz a gente ter mais fé, certo? Procurem os tais médicos que a doc recomenda. Sei que médico bom é coisa rara, mas deve haver algum por aí que nos entenda! Na falta de um, rezem mais ainda. Já provaram que no sistema límbico, na nossa cuca, vivem bem juntinhos a área da fé e a do desencadeador de nosso sistema imunológico. Eu não entendi nada, mas concluí que a fé cura. As árvores possuem mais do que poesia para nossa fase: trazem frutos, que são o símbolo do futuro, nosso futuro - tragam-nos para dentro de vocês. Olhar para o chão faz nos interiorizar, certo? Então?! Procurem raízes! Procurem as suas raízes e as que podem comer! Conseguem respirar ar puro? Não? Então tentem oxigenar suas vidas. Não é necessário muito para isso - apenas uma hora diária de sossego ou lazer. Esqueçam de respirar químicas. Talvez gostem e passem a fazer isso o dia inteiro. Trabalhem a afeição. O ódio resgata nossos ancestrais malvados. Mandem todos para o inferno e façam de suas vidas um mundo melhor. Exercitem seus corpos, nem que seja numa calçada ao lado do trânsito. Coloquem um radinho no ouvido e pensem que estão à distância de seus problemas. Andem além de suas pernas. E quem não pode andar, que viaje com a mente, pois ela leva a qualquer lugar, se quisermos intensamente. Todas as porcarias que costumamos consumir, usar ou praticar devem ser abolidas por uns dias. Isso inclui falar mal dos outros, fazer mal aos outros ou se dar bem em cima dos outros. Não é a Coca-Cola e o aspartame que dão câncer – é a nossa cabeça, principalmente. Façam sexo dos bons. Sexo dos bons é fazer sexo bom e com quem nos faz bem. Assim seremos bons também. Só depende de vocês o que realmente acham ser bom. Na falta de, amem-se. Amar-se é o “sexo” mais complicado, mas o mais gratificante. Sua saúde anda mal?... Infelizmente estou escrevendo este texto para quem pode ter acesso aos recursos da medicina moderna. Uma grande parte vai achar que meu texto é elitista. Por isso mesmo eu digo para rezarem! Mas lembrem de que nem Jesus foi impassível. Lutem por uma qualidade de vida decente. Eu aqui, vou procurando ares refrigerados para mim e meus fogachos... Participem do Clube da Dona Menô
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 18/02/2009
Alterado em 07/10/2009
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