Clube da Menô

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Textos

Prostitutas da Sociedade

Minha mãe dizia que a esposa que se submete a humilhações, vexames  e esculachos por um teto, sustento ou apenas companhia e atenção é prostituta da sociedade. O que não concordo, pois a sociedade é uma só, e cada vez mais as pessoas se assemelham em seus comportamentos...

Eu entendia que ela fazia uma correlação com a mulher da vida, que ganha seu sustento oferecendo seu corpo. Ela dizia que os dois tipos de mulher tinham a mesma finalidade (oferecer seu corpo em troca de algo). Só que para ela a mulher da vida dava de mil a zero em questão de dignidade. Pelo menos ela não dava desculpas esfarrapadas para seus atos.

Ela também falava muito a expressão "puta de classe". Que me perdoem as pessoas finas, minha mãe não tinha finesse em certas horas. Ela era educada, excelente pessoa, mas não tinha lá muita papa na língua não. Tenho a quem sair.

Puta de classe, para minha mãe, era aquela mulher que, apesar de ter uma vida sexual promíscua, tinha um comportamento social elogiável, que não ultrapassava o limite do ridículo, com atitudes grotescas, imorais, de baixo calão. Portanto, um ser aceitável entre os ditos normais...

Seu lema era: "Se a puta de classe respeita o meu pedaço e não dá em cima do meu homem, ela vai ser aceita em minha casa e na minha roda da mesma forma que qualquer outra pessoa". Ela deve ter lido algo sobre aquela personagem antiga... Como é mesmo o nome? Cristo, né?

Pois é... A coisa anda mudando. Minha mãe não iria entender. Antigamente uma mulher se deixava escrachar, expunha-se ao desrespeito por um punhado de moedas. Hoje está fazendo o mesmo por absolutamente nada. Joga fora de graça e em vão a sua honra. E ainda se zanga se alguém a recrimina! Diz que não deve nada a ninguém. E não deve mesmo. Só deve ficar na dela com quem está na dela. Não com quem tá quieto (a).

Temos hoje as três modalidades através da Internet: a puta oficial, a prostituta da sociedade e a puta de classe. As três estão cada vez mais semelhantes, confundindo-se entre si. Fica cada vez mais idiota xingar alguém de piranha, já que o título passou de palavrão a qualidade, servindo só como fetiche numa transa.

Eu atendo prostitutas da sociedade, putas de classe e mulheres da vida no meu dia-a-dia. Não questiono. Só pergunto o porquê quando é medicamente necessário. Vamos a um exemplo:

Uma moça jovem, instruída, boa condição social, com namorado novo, esconde há um ano que tem uma doença potencialmente contagiosa por via sexual. Ela podia estar se tratando, mas "acostumou-se" com a doença, que não dói,  só dá umas perebinhas, que ela esconde por baixo dos pelos genitais.

Esta jovem estava com medo de que o parceiro (não sei se o único) descobrisse, pois não usa preservativo - e nem adiantaria... Sua preocupação não era o contágio. Era a descoberta de sua displicência, por que não dizer, de seu crime, pois expor alguém a uma doença infecto-contagiosa, sabedora do risco de transmissão, é crime, a meu ver e pela lei.

Perguntei por que fazia aquilo. Ela não "soube" responder... A sequência deste fato não vem ao caso, mas saibam que isso acontece por aí toda hora.
 
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com
 

Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 15/04/2009
Alterado em 06/10/2009



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