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FALANDO SOBRE HERPES
Amigos, meus sites, o Clube da Dona Menô e o Clube da Menô, são muito grandes e seria praticamente impossível que as pessoas tivessem absoluto conhecimento sobre todos os temas publicados até hoje. Por isto muitas vezes me perguntam sobre o que já abordei. Vale a pena, portanto, sempre retornar a certos assuntos, ainda mais quando a dúvida e o interesse sobreo mesmo se fazem presentes.
É como a nossa profissão: nós, médicos, sempre estamos repetindo as mesmas informações a cada paciente que se apresenta. Trabalho estafante, muita vezes, mas cada pessoa deve ser vista de forma especial, pois sofre de alguma doença, tem inseguranças e faz questionamentos. A posição do médico muitas vezes ultrapassa a simples informação, e este profissional acaba se tornando um conselheiro, que por mais que evite, em algum momento, passará sua visão pessoal.
Meses atrás eu deixei de responder a uma paciente que me escreveu para o site. Foi uma falha, pois além de leitora, é uma paciente. Deixei seu comentário guardado, mas sempre o lia, procurando um tempo para lhe escrever, apesar de já ter dado todas as explicações e orientações necessárias para sua doença, herpes genital recorrente. Ou será que não as dei corretamente?...
Como ela me sugeriu publicar suas perguntas, achei importante levantar o tema, uma vez que a virose é extremamente comum na população, sendo depois da gripe, a maior doença contagiosa no mundo.
Vamos às perguntas. A seguir detalharei sobre cada uma delas. Recomendo que leiam os textos antigos sobre herpes: um artigo e uma apresentação em power point slides, dos quais envio link abaixo.
"Tenho dúvidas sobre herpes, estas coisas que deixam a cabeça da gente embolada... Eu gostaria que você abordasse a forma de como encarar o contágio e como seguir com a vida sexual após o diagnóstico. Coisas do tipo:
1 - Se mesmo sem nenhuma lesão, se for transar sem camisinha, passa o vírus;
2 - Se podemos engravidar;
3 - Se a lesão aparecerá sempre no mesmo lugar sem ocorrer expansão. E se sempre vai aparecer da mesma forma;
4 - Se devemos ou não contar aos parceiros sexuais que temos herpes.
Respondendo:
PRA INGLÊS VER
Você já deve ter ouvido falar nesta expressão. “Pra Inglês Ver”. Não entrando no mérito histórico, significa aquelas coisas que se faz por formalidade, mas que na prática não funciona. Quanto ao contágio por herpes, seria até irônico dizer que camisinha protege...
As lesões são extremamente contagiosas e depois que as bolhas se rompem, e isto acontece até sem perceber, milhares de vírus se espalham pelo tecido ao redor, mesmo onde a camisinha não cobre. E mais: difícil usar camisinha em qualquer contato físico, não é?
Devemos lembrar que o contágio do herpes é na maior parte das vezes por via oral ou contato ano-genital. Quando com a ferida, os líquidos corporais próximos à lesão são também via de contágio, como, por exemplo, na boca, quando a saliva ou gotículas de saliva que saem pela respiração já transmitem o vírus a quem está muito próximo.
Lembremos que lesões minúsculas, imperceptíveis e pouco sintomáticas já servem para a transmissão. No caso da mulher, é possível ainda haver lesões em atividade dentro da vagina. Como saber? Além disso, episódios de herpes podem ser confundidos com pequenos machucadinhos inocentes. Obviamente deve-se usar preservativo, de preferência sempre, mas é conveniente que ao se reconhecer o herpes, qualquer contato físico seja evitado, mesmo que o (a) parceiro (a) já tenha tido herpes, pois a cada contato com uma lesão, é uma nova contaminação.
Outro problema que observo no meu dia-a-dia é que ao constatarem uma, e quando são pouco sintomáticas, não há uma séria preocupação com o parceiro ou parceira. Como se vê, a camisinha é só pra inglês ver...
GRAVIDEZ E HERPES
Ao que se sabe, o contágio para o bebê é no parto normal, caso a mãe esteja com herpes genital neste momento. Se a primo-infecção foi na gestação, há relatos de transmissão fetal por via sanguínea, mas é mais rara.
Se a mulher já teve herpes anteriormente a esta gravidez, anticorpos existentes protegerão o bebê, a não ser que a criança se contamine com herpes no parto por via vaginal.
LESÕES HERPÉTICAS
Após adquirir-se o vírus do herpes simples, seja do I ou II, a primeira lesão pode aparecer em duas semanas, mas pode levar muitos anos para isso. Nos primeiros anos geralmente são mais numerosas, atingindo área extensa, porém ao longo do tempo, em pessoas saudáveis, tendem a diminuir, tanto em gravidade quanto em frequência. Ora são pequenas feridas, ora numerosas e muito dolorosas. Vai depender da imunidade momentânea.
O vírus se aloja num nervo sensitivo, que vai dar na pele ou mucosa. Há casos sérios de herpes alojado em boca ou face que caminha até para o olho, ouvido, cérebro etc.
A autocontaminação é um problema, uma vez que é preciso muita higiene quando com herpes, para não se espalhar o vírus para outras regiões, tanto ao redor da lesão, quanto para outras áreas do corpo. A nossa mão, neste caso, faz a vez da grande vilã, da mesma forma que roupas íntimas e toalhas.
FALANDO ABERTAMENTE
Verá que já escrevi sobre o assunto, quando me pergunta sobre contar ou não ao parceiro. Claro que sim!
Hoje em dia a maior parte da humanidade é soropositiva para o herpes simples, apesar de que só 40% (milhões de pessoas) padecem com a doença. Mas isto é apenas estatística! Muita gente se omite quando o papo é seu corpo.
Sexo deixou de ser algo íntimo, tanto é eu se faz sexo, mas há muito tabu em se falar de sexo. Até se conversa abertamente sobre técnicas sexuais, orgasmo, tanta coisa, porém falar sobre doenças sexualmente transmissíveis não parece ser algo natural ou inteligente... As pessoas se sentem sujas quando com alguma doença adquirida por via sexual e têm muito medo de serem consideradas promíscuas ou perderem seu valor e admiração. Assim sendo, é preciso mais que liberdade sexual numa relação humana; é preciso aceitar-se.
PPS HERPES, no Recanto das Letras:
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/769365
Artigo "Herpes: qualquer um pode ter" (no Recanto das Letras):
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/769356
Temas Médicos, no Clube da Dona Menô:
http://www.clubedadonameno.com/tmedicos/menu.asp
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 04/08/2010
Alterado em 04/08/2010
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