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Maresia, azia, Copa 2014. E aí?!
Não sou anjo da guarda, mas cão de guarda. Assim como eu, acho que milhares de profissionais lamentam silenciosamente tantos feriadões emendados e tantas paralisações de sua produção por conta de manifestos e greves (inclusive criminosos) que de nada adiantaram até hoje. E agora, que graças a Deus, acabou aquele apito no meu ouvido, vejo um país que vai ter eleição e sai de uma grande ressaca da tal Copa Mundial de Futebol, da qual fomos sede.
E aí?
Se eu fosse uma torcedora de futebol do BRASIL e se um dia eu tivesse cantado o famoso hino “Eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor”, jamais teria vaiado os pernas de pau que me representaram abestalhados diante do mundo.
É muito fácil admirar heróis e torcer por eles. O difícil é estar ao lado dos perdedores com o mesmo orgulho. Hoje acho que me orgulho de cada jogador da seleção do Brasil de 2014 porque esses tiveram que encarar uma última partida, a final, em que foram mais uma vez massacrados. Tenho certeza que daqui a alguns anos cada moço deste time vai utilizar a tal “derrota” como ponto de partida para muita coisa boa em seu futuro, pois aprenderam com insucessos mais do que com glórias.
Pode parecer a todos que uma nuvem preta baixou no teto do Brasil, mas não é bem assim. Foi preciso este chuveiro de água fria, uma palmada na bunda de uma criança que fez merda. Infelizmente esses garotos tiveram que sofrer este desgaste diante do mundo, apesar de todos terem ganhado muita grana, a grana que eu precisava pra pagar minhas dívidas...
Acontece que cada jogador da tal seleção é um cidadão honesto, um brasileiro, um lutador, mesmo que derrotado aos olhos do mundo. Cada um vai pra sua mansão chorando, conduzido num carrinho importado, mas com uma mácula em seu nome pelo resto da vida e na história do esporte do país. Mas agora eu pergunto se os nossos políticos safados, aqueles em quem vocês votam (e vão continuar votando) conseguiriam entrar em campo para serem cuspidos e apedrejados, tal como na arena da antiga Roma. E ai?!
Na final, este time entrou sem a menor moral (ou capacidade) em campo, mas bateram uma bolinha, mesmo sabendo que a grana que ganham não “valerá a pena”. Tiveram que encarar, e encararam, a tal “vergonha” do Brasil, um Brasil que cantou o seu orgulho semanas antes e depois cuspiu no prato que comeu.
Eu me envergonho, sim, mas é de um país que parou de trabalhar por causa de um campeonato de futebol e deu muito dinheiro pra alguns, menos para os seus próprios bolsos. Eu me envergonho de quem tirou proveito ilícito neste campeonato. Eu me envergonho por saber que a minha sociedade permitiu parar de produzir por causa de uma bolinha e vai pagar por isto por muitos meses a fio!
Foi uma imposição do meu País, ditador, que eu, que detesto futebol, tinha que ter prejuízo. UM GOVERNO que determina feriados e faz os seus trabalhadores perderem renda, não pode ser por mim respeitado. Mesmo assim, ainda sou uma brasileira com muito orgulho e muito amor. Nada pra mim mudou neste sentido, a despeito de atletas inexperientes e de administradores incompetentes.
Gabriel canta por mim em dois tempos:
http://www.youtube.com/watch?v=dpUp-iVSNXA
http://www.youtube.com/watch?v=GefKTM8Iy6o
Leila Marinho LageRio, 13 de julho de 2014Clube da Dona Menô http://www.clubedadonameno.com
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 13/07/2014
Alterado em 14/07/2014
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