Dupla personalidade - Cap II
Descobrindo Chico
Segundo capítulo da novela Dona Menô e Chico
Turma, Dona Menô de volta
Já ouviram as expressões: “Não cuspa pra cima” ou “Pagar pela língua”? Pois, é... Eu, que fazia apologia à macheza, acabei com esse namorado com dupla personalidade.
Ele vai, em nuances de comportamento: do Chico ao Chicão, passando, de vez em quando, pelo Chiquinho.
Ainda não sei o estopim para tal mudança, mas acontece. Talvez seja uma palavra ou algum estímulo sonoro, luminoso, sei lá, cara...
No começo, era tudo muito rápido, um relance. A primeira vez que percebi isso estávamos num restaurante suíço. Eu queria comer fondue de carne. Chico não gosta destas coisas (pelo menos o Chico), mas foi conformado, sem saber bem o que era fondue.
Quando chegou o garçom com os molhos e o pão, Chico fez um sanduíche e reclamou que se fosse pra comer pão com pasta, ele preferia o meu patê, que, pelo menos, é de fígado - coisa macho...
Depois trouxeram o rechaud aceso e os pedaços de carne crua. Chico se revoltou e perguntou ao maitre se poderiam fritar o bife na cozinha mesmo.
Mandei o idiota calar a boca. Ele ficou calado por alguns minutos e percebi sua fisionomia se alterar. Seria mais lógico que ele ficasse zangado com minha repreensão. Pelo contrário! Ele sorriu, cruzou as pernas, com o pé apontado para o chão, guardanapo no colo, e disse: “Eu escolho os espetinhos cor de rosa e lilás. Com licença, eu vou ao toillet”.
Toillet?! Chico dizendo toillet era demais... Ele levantou e vi ele tirar a cueca do rego com a ponta dos dedos.
E lá foi ele, todo rebolante para o toillet... Esta foi a primeira aparição de Chiquinho.
Quando voltou, já era outro. Ele ainda trazia o papel higiênico, que usara para secar as mãos e, com o mesmo, deu uma bela soada no nariz e o jogou no pratinho com lavanda, que estava na mesa do lado, onde sentava um casal de velhinhos.
“Menô, este restaurante é uma merda. Os coroas aí do lado tão tomando sopa estragada” , reclamava ele. Era sopa de queijo rockefort...
Disse ele que brigou com a recepção. Chicão, para ser educado, perguntou aonde poderia lavar as mãos. Ao chegar no local, percebeu que era apenas um lavabo. Muito puto, gritou: “Porra, aonde se mija?”.
De Chiquinho a Chicão, o jantar evoluiu entre grosserias e finezas, até que Chico “voltou”, pedindo a conta e dizendo que estava na hora da janta.
Passamos no McDonald’s e levamos pra casa dois sanduíches de carne (essa, sim, para mim, estragada) e comemos com a batata roesti que Chico- Chicão trouxe do restaurante numa quentinha...
Amo muito tudo isso...
MOMENTO CULTURAL
A origem do fondue
Fondue é palavra feminina - a fondue (pronuncia-se fon dí, fazendo biquinho), de origem francesa -"fondre"- que significa derreter, fundir. Com o tempo, foi aceito se falar tanto no gênero feminino, quanto masculino.
A teoria mais aceita é que o fondue surgiu na Idade Média, a cerca de sete séculos atrás, nos Alpes suíços, entre a região francesa de Sabóia (Savoie) e a região italiana do Piemonte.
A primeira menção escrita sobre o fondue veio de Brilhar savarin, escritor francês e gastrônomo, em 1794.
Em Nova York, na década de 50, o chef Conrad Egli, do restaurante Chalet Suísse, apresentou este prato, que ganhou fama, além de ele passar a servi-lo como sobremesa, o fondue de chocolate. No fondue de chocolate usa-se frutas, nozes e afins ou biscoitos. Aqui no Brasil adaptamos com nossas frutas tropicais.
Fondue Savoyarde (Fondue à Savoyard) e Bourguignonne
Suíça, nas montanhas frias e isoladas, alimento fresco era impossível. Pra variar, neste inferno de Dante, os alimentos mais comuns eram o queijo (eram grandes produtores de leite), o pão e o vinho.
Eles derretiam os restos de queijo no fogo e, para sua melhor conservação, acrescentavam algum álcool, vinho e/ou aguardente (o Kirsch, destilado local de cerejas).
A mistura se endureceria de novo com o frio e não mais se estragava. Depois, bastaria a derreter novamente. Durante a preparação, iam provando com pedacinhos de pão, para determinar o tempero adequado.
Com o tempo, este ritual passou a servir como uma celebração comunitária. Por isso, se considera o fondue o prato ideal para reuniões mais íntimas, onde se celebra a convivência.
A tradicional receita de fondue suíço tem o nome da região onde foi criado (Neuchâtel) e usa os queijos gruyère e emmental. Porém, outras regiões da Suíça usam seus próprios queijos e vinhos.
O acompanhamento são pão, batatas e cenouras. Mergulha-se o pão no queijo derretido, usando-se um garfo especial. A cenoura, essa eu não sei o que fazem com ela...
Além da fondue de queijo, passou a se chamar fondue tudo que era derretido num rechaud, como a fondue de chocolate e carne, além do fondue chinês (fondue chinoise), bastante servido em restaurantes na Suíça, feito à base de carnes, peixes (inclusive camarão) e legumes, fervidos num caldo de carne com diversas especiarias
O fondue de carne vem da França, de Bourgogne (fondue Bourguignonne). São fritos cubinhos de filé mignon em óleo bem quente, com acompanhamento de pastas e molhos.
As panelas
O material das panelas de fondue é específico para cada prato. A lamparina que as aquece mantém a temperatura ideal do fondue, podendo ser regulada para não torrar o fundo. Na panela de fondue de cerne passa-se alho, que dizem evitar grudar os detritos.
A panela de vidro é própria para fondue de queijo e chocolate, porém também é usada no fondue de carne.
Panela esmaltada serve para todos os tipos de fondue.
Já a de cerâmica só serve para o de queijo e chocolate.
E a de ferro só é usada no fondue de queijo.
As mais modernas são as de inox, que facilita a difusão de temperatura e são ótimas para fondue de carne e péssimas para o de queijo e chocolate.
As primeiras panelas usadas foram de cobre – são lindas, mas pouco práticas.
Depois dessa aula, amigos, só resta fazer a maior média com o namorado ou namorada. Mas, que sejam normais, ou quase...
Leila Marinho Lage
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