Dupla personalidade – Cap III
Chico se descobre
Terceiro capítulo da novela Dona Menô e Chico
Texto de Nickinho
Pessoal, Chico na parada
Rapais, sei que pode parecer coisa de viado, mas preciso procurar urgente um médico de cabeça. Sei lá o que está acontecendo comigo. De repente, sinto umas vontades estranhas, uns gostos esquisitos, parece até macumba que soltaram pra cima de mim...
Menô anda meio ressabiada (mas de onde conheço essa mulher?) e fica me olhando estranha, quando isso acontece.
Vocês não estão entendendo nadica de nada? Eu explico:
Tem dia que acordo com uma puta vontade de ir na casa dela, rasgar a roupa todinha, assim que entro e, ali na sala mesmo, meter a pua! Porta aberta e tudo! Os vizinhos que se fodam!
Teve vez de eu até ter ligado o carro, rodado algumas quadras, mas, aí, paro e penso: “E se ela pensar que pirei de vez e, com a ajuda da amiga médica dela, a Dra Leila, mandar me internar n’algum hospício? A Menô tem uns repentes . . .”.
Noutros, dá uma languidão foda e passo o tempo pensando na inutilidade da vida, nos poemas do J.G. de Araújo Jorge, no borboletear das mariposas e em como o Rodrigo Santoro ficou bem no papel de Xerxes em 300.
Ainda bem que são raros esses momentos. O que a turma iria pensar?
Mas, de onde conheço a Menô?
Desde a primeira que a gente se viu, na feira de carros, pareceu que já a conhecia. Por isso, fui cavalheiro e cedi a vez.
E ontem à noite aconteceu de novo...
Ela tinha pego uns DVD pra gente assistir, porque eu não estava a fim de sair.
Dei uma folheada neles: dois romances e um bang-bang.
“Qual você quer assistir?”, perguntou Menô.
Lógico que peguei o bang-bang. Ela inseriu no aparelho, trouxe a bacia de pipoca e o refri e se ajeitou ao meu lado no sofá, com a cabeça no meu ombro.
Gostoso. Inda mais sabendo que depois a gente ia pra cama fazer um amorzinho maneiro.
Começou bem o filme: Dois vaqueiros nas montanhas, uma trilha sonora da hora, eu só esperando os tiros começarem ou os bandidos aparecerem pra complicar a vida dos heróis e melhorar a estória.
Só que, de repente, foi uma troca de olhar, uns carinhos esquisitos entre os dois e a viadagem pegou fogo.
Aí não me contive e perguntei que raio de bang-bang era aquele.
Ela riu alto e mostrou a capa: “O segredo de Blackmountain”.
Acabou o filme, acabou a pipoca e acabou meu tesão. Eu só conseguia pensar no diacho do loirinho do filme...
Pode?
Falar em poder, donde será que conheço a Menô?...
Beijos
Do Chico-Chiquinho-Chicão
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