Rubéola
De 21 de maio até 2 de junho de 2007, aqui no Rio de Janeiro, vacinaram-se em torno de 2,4 milhões de pessoas contra rubéola. Mulheres e homens entre 20 a 34 anos de idade foram o alvo da vacinação por estarem na média da fase procriativa da vida.
Como as crianças estão em fase de vacinação obrigatória, elas não entraram no programa, mas qualquer um pode se vacinar, se desejar. E atenção: em qualquer época do ano. Isso é direito adquirido do cidadão e obrigação do Governo.
A mídia informou os tópicos mais importantes, porém percebo que pelo fator TEMPO, que obriga a propaganda ser sintetizada, deixaram de informar certas particularidades sobre a rubéola.
Não entendo como perdem tanto tempo com programas e entrevistas tão imbecis e deixam este assunto como uma notinha de rodapé. Para o povão - e, aí, nós nos incluímos - não é um cartaz ou comercial que vai conscientizar, mas, sim, o grau de importância do assunto em nossas vidas.
O governo deveria fazer com mais frequência essas campanhas. E não só com rubéola, mas também, com a hepatite B, A e outras doenças.
Como não sou professora, publicitária, nem nada, envio um texto à Dona Menô, para quem quiser saber mais sobre a rubéola e sua importância na sociedade.
A rubéola é uma virose comum, que, na maioria das vezes, evolui sem complicações e, geralmente, é adquirida na infância, porém, milhares de adultos (homens e mulheres) se contaminam - o que mostra que a vacina não foi eficaz ou não se vacinaram quando crianças.
Estávamos a um passo dos Jogos Pan-Americanos, quando teríamos multidões em estádios e pelas ruas. Muitos turistas entrariam na dança e fariam parte do mesmo ar que respiramos. Muitos podem se contaminar com rubéola e ela pode ser levada para outros países também, levando a epidemia da ocasião (?) a uma pandemia. Fosse por interesses do mercado, fosse pela saúde do povo, valeu a pena vacinar em massa.
Epidemia é quando alguma doença infecto-contagiosa se alastra rapidamente num determinado local - o que diziam estar acontecendo com a rubéola entre o Rio de Janeiro e São Paulo (apesar de eu só ter diagnosticado três casos em meus pacientes de janeiro a junho de 2007).
Endemia é quando uma doença se repete em áreas específicas, como é o caso do dengue em nosso país, e como foi com a gripe aviária nos países orientais e Europa. Há alguns anos aconteceu o mesmo em todo o Brasil com o cólera, porém, sem reincidência importante. Pandemia é uma epidemia generalizada - como no caso da AIDS (ou SIDA).
A rubéola é mais comum na primavera.
Pegando Rubéola
Sinais e sintomas de Rubéola
Pode ser assintomática ou apenas apresentar sinais inespecíficos e leves de uma virose:
Febre baixa
Manchas avermelhadas pelo corpo ou pintinhas, que geralmente começam no rosto
Gânglios aumentados no pescoço, virilha e axilas
Dores articulares e nos músculos
O vírus é transmitido de uma pessoa para outra através do ar, da respiração ou da saliva. Refiro-me às micropartículas que eliminamos ao respirar e ao falar, através da boca e do nariz (perdigotos)
A gestante pode transmitir a virose para seu bebê até a vigésima semana de gestação (se a mãe estiver com a infecção). A barreira placentária, nesse período, não consegue conter a passagem do vírus.
Vale salientar que uma pessoa não imune pode ter sinais tão inespecíficos de rubéola que uma gestante pode adquirir a virose sem saber e depois ao seu bebê. A possibilidade de risco fetal é de 20%.
É uma das grandes causas de abortamento. Nos bebês afetados que sobrevivem pode ocorrer malformação, surdez, cegueira, catarata, glaucoma, alterações cardíacas, retardo mental, microencefalia - Síndrome da Rubéola Congênita. A criança contaminada pela rubéola pode ficar meses com a virose após o nascimento.
Quando alguém apresenta os primeiros sinais da doença, provavelmente pegou o vírus entre duas a três semanas antes. A pessoa fica doente por uns 10 dias, mas ainda pode ficar contaminante por duas semanas após a remissão dos sintomas.
Vacina para Rubéola e seus riscos
Essa campanha de vacinação deveria ter sido iniciada a mais tempo, mas tudo bem...
Se a vacina foi feita na infância, a imunidade conferida é de 95% e geralmente dura para a vida toda. Essa vacina é aplicada após o primeiro ano de vida até 4 a 5 anos de idade.
Vacina-se especificamente para a rubéola, como no caso da campanha deste ano, mas na infância ela é feita em conjunto com outras:
Vacina tripla ou tríplice - rubéola, sarampo e caxumba
Vacina dupla, ou dupla viral – rubéola e sarampo
A vacina para rubéola é feita com vírus atenuado (semi-vivo) e pode contaminar o feto em apenas 1 a 3%. Mesmo assim, deve-se ter o cuidado de afastar a possibilidade de gravidez ou se a mulher corre risco de engravidar logo após a vacina.
As mulheres devem ser orientadas a não engravidarem por um mês após a vacina, pelo menos . Se a mulher não fez nenhum método contraceptivo no seu ciclo e ainda não menstruou, é aconselhável que espere a menstruação para ser vacinada.
É possível saber se alguém já é imune fazendo-se o exame no sangue. Ela pode se revacinar por segurança, pois não há problema algum.
A importância da vacinação masculina não é só para se evitar a doença, mas por causa do possível contágio da parceira não imune.
As reações à vacina são muito raras e não passam de leve sensação de cansaço ou febre baixa. Raríssimos são os casos de reação alérgica.
Os imunodeprimdos ou com doenças crônicas devem consultar seus médicos para saberem se podem se vacinar.
Se alguém estiver com febre ou gripado deve esperar passar a causa da doença para usar a vacina.
Não é necessário expor crianças ou adultos em contato direto com o paciente com rubéola para que "peguem" a virose ou fiquem imunes para o futuro. Isto se chama imunização passiva e é arcaico, não sendo totalmente eficaz, pois depende do acaso. É uma tolice ficar doente intencionalmente, já que há vacina para isso.
Agora vamos esperar para que façam igualmente a campanha da vacina para hepatite B, que é cara e não está disponível para todo mundo.
E quem sabe um dia (bem distante, por sinal) teremos vacinação em massa para o HPV.
O Papovavírus humano (HPV), transmitido pelo contato sexual, pode causar câncer no colo do útero. A vacina contra certos tipos de HPV existe, mas é muito cara até para as pessoas de classe mais beneficiada. Poderão ler sobre HPV em meus trabalhos publicados.
Leila Marinho Lage
Reedição em dezembro de 2008