Clube da Menô

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Olimpíadas 2016 – A hora do recreio

Sou Dona Menô. Dizem que eu sou a heterônima da doctor, mas é ao contrário: ela é quem é minha heterônima. Eu sou uma personagem verídica e a doutora Leila é minha representante na casta social. Agora eu vou dizer ao que vim:

Ta todo mundo investindo nas Olimpíadas, o que acho louvável, pois será historicamente um acontecimento para o País, principalmente para o Rio de Janeiro, apesar de eu achar que financeiramente nada vai mudar na aquisição financeira do povo. Acho até que muita gente vai ter um baita prejuízo com essas festividades em curto prazo.

Esporte é cultura. O brasileiro, na maioria, só curte futebol, e, de vez em quando, vôlei e basquete. Quando colocam na mídia um tenista, um ginasta, um boxeador, um nadador etc, se estes aparecerem do nada com uma medalha, viram deuses – mas nada que faça o povão parar de trabalhar e viver por causa dos mesmos, tal como acontece no tal futebol.

A paixão por esses desportistas vai muito do momento e da completa ignorância que incutem em nossa sociedade. Vai mais do que difundem na televisão e na Internet, não nas escolas e na nossa educação. 

A nossa cultura esportiva até hoje está muito ligada apenas ao que deixaram de legado para a plebe: pelada, cervejada, pagodinho, feijoada e churrasco no quintal. E muito feriado emendado: "Já que numa quinta-feira vai ter feriado, por que trabalhar na sexta e no sábado?...". E nas segundas-feiras da vida, a população se vira como der. 

Empresários e autônomos que nada têm a ver ou lucrar com este babado todo de Olimpíada, enlouquecem. Os empregados, com seus direitos adquiridos por lei na carteira assinada, amam essas festividades, mas não têm noção que podem ser rapidamente excluídos do quadro de funcionários, assim que o caixa da empresa (ou do empregador) começar a dar pau. 

Logística, administração, gestão são palavras difíceis, mas todo mundo conhece na pele a palavra DEMISSÃO. Quem estiver na balança, dando prejuízo pro chefe, vai ser detonado. É isto que acontece no Brasil e vai acontecer mais e mais até o fim deste ano, provavelmente no ano que vem, também no outro e no outro... 

A seca está causando a inflação absurda. Tudo que tem a ver com agropecuária e agricultura esvazia a nossa sacolinha. Tudo que é conta de consumo consome nosso conforto básico. Ninguém mais come o que deseja, mas o que dá pra comer. No mercadinho a gente coloca nossas mais árduas horas de labuta. O SISTEMA DE SAÚDE (pública e de convênios) está um caos, e só sobrevive o forte ou o mais esperto. O GOVERNO está passando por uma crise moral - onde poucos honestos e de grande valor estão até expostos a atentados, por lutarem pela JUSTIÇA e pelo BEM COMUM. Eleições estão à nossa porta e eu tenho certeza absoluta de que a maioria não tem a menor noção em quem votar, em quem confiar. Fora que a “PRESIDENTA”, provisoriamente afastada, e seus ligados, estão quietinhos, adorando os deuses do OLIMPO e esperando a hora de aparecerem de novo. 

Não é hora de fazer feriadão. Não é hora de acharmos que estamos aqui pra agradar turista e mostrar que somos um país hospitaleiro porque sambamos e somos bonitos. Num domingão de sol, até pode ser, porque é o maior barato a nossa terra linda, que não existe em dimensão e valor em lugar nenhum, mas os sábios e responsáveis devem entender que quanto mais alienação, melhor é para os sagazes que vão lucrar com esta hora do Recreio.

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Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 02/08/2016
Alterado em 02/08/2016



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