Insuficiência cardíaca
Meu coração está fraco, não consigo amar mais... do que já amo.
Ele cresceu, tentando dar espaço para tantas pessoas que nele quiseram habitar.
E bate lento, talvez cadenciando o meu ritmo, quando tudo passa devagar, sem a pressa pelo futuro, que só traz a certeza do fim.
Uma eternidade de batimentos, lentos, descompassados, como o descompasso das minhas convicções.
Exigem dele o que ele não pode mais dar, e o meu sorriso mascara o seu solitário lamento.
Bate, bate, bate mais um pouco! Segue até onde puder bater na mesma tecla. Ejeta vida para além de minhas expectativas...
Ele cansou, se esgarçou, mas ainda está aqui em mim, o único que me mantém, o único que pulsa além do meu pensamento.
Incógnito, ele se apóia, envolvido pelo escudo que construí ao seu redor.
Ele bate e se rebate, não me dá folga, me lembra que estou aqui, me alerta que não estarei um dia.
Meu coração está fraco, ele não me acompanha e eu não o ouço mais.
Dos dias revoltos ele se alimentou, das amarguras ele se compensou, mas ainda continua batendo, batendo enquanto eu não lhe ordenar parar.
Leila Marinho Lage
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Rio, 13 de dezembro de 2007
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 13/12/2007
Alterado em 13/12/2007