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Textos


PISTORIUS
Tentem num dia de férias, e verão
 
Primeiramente, preciso inserir um texto que li numa reportagem. Faço meus comentários abaixo deste artigo:
 

"Atleta que corre com próteses é proibido de competir em Pequim
 
O atleta sul-africano Oscar Pistorius, que teve suas pernas amputadas quando ainda era um bebê, e corre com duas lâminas de fibra de carbono ajustadas às suas coxas, não conseguiu a permissão para competir nas Olimpíadas de Pequim deste ano.
 
Um relatório encomendado pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) concluiu que as próteses usadas por Pistorius dão a ele uma vantagem significativa sobre atletas comuns, o que vai contra as regras que regulamentam o uso de ajudas técnicas para atletas.
 
O estudo concluiu que Pistorius, apelidado de "Blade Runner", usava 25% menos energia do que os atletas comuns para conseguir atingir a mesma velocidade.
 
A IAAF deu seu aval às conclusões do relatório do estudioso alemão Gert Peter Bruegemann, que conduziu os testes nas próteses de Pistorius, e não concedeu a autorização para que o "Blade Runner" pudesse competir em Pequim.
 
Se tivesse conseguido a permissão, Pistorius seria o primeiro atleta deficiente a disputar uma olimpíada regular.
 
Recurso
 
Na semana passada Pistorius já afirmou que iria entrar com recurso contra uma eventual proibição da IAAF.
 
O professor Bruegemann realizou uma série de testes nas próteses e também concluiu que as lâminas de fibra de carbono proporcionavam menos movimentação vertical, permitindo um trabalho mecânico 30% menor para levantar o corpo.
 
Oscar Pistorius nasceu com alguns ossos faltando nas pernas, abaixo dos joelhos. As pernas foram amputadas quando ele tinha um ano de idade.
 
As lâminas de fibra de carbono que usa foram fabricadas na Islândia. Os fabricantes insistem que as lâminas são "artefatos passivos", que não respondem a comandos biológicos.
 
Há três anos, Pistorius nunca tinha pisado em uma pista de corrida. Atualmente é uma sensação do atletismo, com recordes mundiais paraolímpicos em provas de 100 metros (10,91 segundos), 200m (21,58 seg) e 400 metros (46,34 seg).
 
O recorde mundial nos 400 m rasos, por exemplo, do americano Michael Johnson, é de 43,18 segundos."

 
Vamos lá:
 
Eu entendi bem?... Pistorius quer competir com quem tem pernas?
 
Será esta proibição apenas um cumprimento de regras, uma vez que ele utiliza um artefato para correr que pode ultrapassar os limites normais de um ser humano? Esta prótese realmente o deixa em situação privilegiada?
 
Pistorius teve uma chance que poucos possuem neste mundo: ter próteses maravilhosas e, antes de tudo, se adaptar a elas. Um super man? Não! Um sortudo, isso sim! Todos deviam ter as mesmas chances neste mundo, onde nem os "normais" as possuem.
 
No Brasil, nas instituições não particulares, as próteses são indicadas principalmente para as crianças, porque são as que melhor se adaptam a elas. Quanto mais tecnologia tiver a prótese mais cara ela é. Por isto, os escolhidos são aqueles que podem ter mais chance de sucesso.
 
Imaginem um homem ou uma mulher adultos tendo que se equilibrar 24 horas em duas pernas artificiais... Difícil! É preciso um esforço muscular muito grande; a pele e o tecido subcutâneo dos cotos têm que suportar o atrito das próteses, podendo levar a escaras (literalmente é imprescindível criar um calo); a fraqueza muscular, o cansaço e a depressão levam muitas vezes à descontinuidade dos exercícios físicos ou à desistência do paciente.
 
A postura da coluna, bacia e das pernas são outro problema. É difícil andar naturalmente. As pessoas com próteses nas pernas tendem a andar em arco, prejudicando todo o seu eixo. Quanto mais alta é a amputação ou a falta do membro, maior é a dificuldade com as próteses. Não pensem que é só colocarmos duas pernas artificiais (por mais modernas que sejam) que a gente vai sair por aí que nem um robocop! Vai depender de muita tenacidade, muita fisioterapia contínua ao longo da vida!

Acredito que seja muito mais sacrificante para Pistorius correr maratona com atletas normais, e talvez nem consiga, mesmo com a melhor perna mecânica do mundo. Esta prova requer resistência, maior impacto, e por mais tempo. O que conta não é só velocidade. 
 
Ele se adaptou bem às próteses por usá-las desde muito jovem, além de elas serem especialíssimas. Ele não está qualificado para competir com os demais? Se o atleta tem super próteses que acionam o corpo além do esforço humano comum, não dá pra comparar com atletas com os seus membros ou com os outros atletas com próteses diferentes.
 
Eu acho que agora teremos várias categorias:
 
- Paraolimpíadas com deficientes que têm próteses simples
 
- "Para" com próteses de deuses
 
- Olimpíadas sem próteses
 
- Olimpíadas com atletas normais e atletas com super próteses
 
- "Para" com atletas que colocaram próteses na idade adulta e outra pra portadores de próteses desde a infância

-"Para" com prótese X, prótese Y ou prótese Z
 
Deve-se fazer a seleção nestes casos, para não haver injustiça.
 
Quem tem próteses e que consegue realmente usá-las com facilidade, é um vencedor! E não pensem que a prótese de perna é tão ruim, que não é. As de mão ou braço são piores, principalmente aquelas que são ordenadas através de eletrodos implantados no cérebro. O trabalho de um membro superior é muito mais elaborado, pois depende de maior da força muscular, devido à sutileza de certos movimentos, que para serem realizados, requerem complexo trabalho e coordenação dos músculos, articulações, nervos motores e sensitivos (o tato).

Prótese eletrônica é muito cara. Poucas pessoas conseguem controlar a mão. A rejeição orgânica é comum, além da rejeição psicológica. 

Eu já devo ter dito isso em algum texto e não consigo me esquecer este momento:
 
Muitos aos atrás, num verão em Costa Azul, com praia cheia, uma menina foi deixada pelos pais na areia próximo ao mar. Os pais se afastaram e achei aquilo um absurdo, pois usava cadeira de rodas. Ela saiu da cadeira, arrastou-se pela areia até um monte de pedras, depois subiu nas pedras e foi se encontrar com suas amigas. Também entrou no mar, mergulhou e nadou até a areia, novamente se arrastando, até subir na sua cadeira de rodas.
 
Para alguns foi um espetáculo, mas eu vi o seu esforço e, ao mesmo tempo, a naturalidade desta menina de uns 12 anos, fazendo coisas que não são fáceis nem para um atleta "normal". Impressionante também foi a total falta de constrangimento diante dos outros.
 
É SUPERAÇÃO. É ser além de, além das impossibilidades. É ser mais do que! Entretanto, as pessoas que perdem uma parte de seu corpo já são heroínas no pouco que conseguem superar, não importando o que seja - cada dia é um dia e cada etapa ultrapassada é uma vitória.
 
Eu quero mais que todos os "PISTORIUS do mundo" criem polêmicas e chamem a atenção para todas as situações impostas pela deficiência física! Quero que todos esses atletas façam a maior zona no meio desportista!
E não me interessa quem ganhe a parada, porque o mais importante é que eles sejam os porta vozes dos deficientes médios, aqueles que não podem ter um membro biônico e que têm até dificuldade para atravessar uma rua numa cidade grande, onde até as calçadas inóspitas.

Leila Marinho Lage
Rio, 14 de janeiro de 2008

www.clubedadonameno.com
 

 
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 15/01/2008
Alterado em 19/08/2011
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