Texto extraído do Clube da Dona Menô
Fórum Social Mundial - Aterro do Flamengo
Ontem eu estive no Aterro do Flamengo... Para um carioca, estar no “Aterro” é coisa banal, até mesmo, um programa de índio...
Bem, para quem não mora aqui, é melhor explicar o que é a gíria “programa de índio”: atividade aborrecida de lazer, ou não ter o que fazer. Pode parecer preconceituoso, mas venhamos e convenhamos que visitar uma tribo indígena é uma coisa, e passar o tempo todo nela não deve ter a menor graça. E a gente acaba achando banal o Aterro do Flamengo...
Ontem foi dia do Fórum Social Mundial. Estava o maior barato, apesar do dia nublado e chuvoso. Chuva estraga tudo, né?! Nós temos um clima privilegiado, sem tormentas, sem neve, com praia e uma natureza “ainda” maravilhosa. Um presente de Deus, mesmo que a maior parte da população não possa usufruir de lugares sofisticados ou onde se pague por ingressos caros. Mas, o Rio é bom só colocar a cara pra fora da janela e ver o céu. Somente quem mora em lugares congelantes, com neve ou chuva o tempo todo, é que sabe do que eu estou falando...
Só que ir no Aterro é grátis, e lá sempre há uma festividade, um evento cultural, uma apresentação artística ao ar livre. O mais bonito do aterro mesmo é o povo. Esse nosso povo é lindo! É este povo que enfeita o aterro! Se não fossem os ladrões, seria bem melhor... O Aterro é perigoso para quem se afasta da “muvuca”. O policiamento se concentra nas áreas de atividades desportivas e eventos.
O Aterro, que se localiza na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi idealizado e construído para ser área de lazer e atração turística. Nele existe um grande parque (Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, que foi um herói de guerra e político), que está bem em frente à baía de Guanabara e se estende do aeroporto Santos-Dummont, no Centro da Cidade, ao início da praia de Botafogo, sendo sua maior área na praia do Flamengo. Ao todo, mede 1.200.000 metros quadrados, tendo sido inaugurado em 12 de outubro de 1965.
A idealizadora do Parque do Flamengo foi Lota Macedo Soares, que era amiga do então Governador Carlos Lacerda - uma mulher de família da elite carioca e apaixonada por urbanismo. O aterramento desta área foi feita com a destruição do morro de Santo Antonio, com a mesma draga de abriu o Canal de Panamá. Foram responsáveis pela obra o paisagista Roberto Burle Marx, o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e os arquitetos Affonso Eduardo Reidy, Sérgio Bernardes e Jorge Moreira.
A vegetação é basicamente formada por plantas nativas, um jardim gigante. Além da própria beleza natural da Baía de Guanabara, do Aterro tem-se uma bela visão do Pão de Açúcar e o Corcovado. Uma via expressa e passarelas cruzam a região. Existem áreas para prática de esportes, como vôlei, futebol, basquete, tênis, skate e pista de aeromodelismo. Além disso, aos domingos e feriados o aterro é fechado ao trânsito para realização de caminhadas e competições, como ciclismo e corridas.
Lá está o Museu de Arte Moderna (MAM), a Marina da Glória, o Museu Carmem Miranda, o Monumento a Estácio de Sá (fundador da Cidade) e o monumento aos combatentes brasileiros na Segunda Guerra (Monumento dos Pracinhas), onde no primeiro domingo de cada mês pode-se assistir à troca de guarda das três forças armadas.
No próximo capítulo eu conto sobre a minha nova “visita de médico”.
Leila Marinho Lage
Rio, 27 de Janeiro de 2008
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