Aí, vou te dar uma ideia...
Eu não rumino desaforo. Eu até me sinto ofendida, mas, mesmo que eu fique muito magoada, não levo desaforo pra casa e vomito a ofensa proferindo o que me der na cabeça ou na alma.
Eu preciso aprender com Ghandi, com Dalai Lama ou com Jorge Amorim, neurologista maravilhoso, o médico mais zen que conheço - ele corta crânios da mesma forma que come misto quente. Quando as pessoas se aborrecem, ele, sei lá de onde, diz: "Calma... Calma... O mundo não foi feito em um dia. Tá certo que ele pode acabar em um dia, mas que é que tem?...".
Eu preciso conter meu gênio... Isso tá acabando com minha fama de boazinha... Eu fico quietinha no meu canto. Todo poeta (não sou poeta; sou escritora de artigos e crônicas, mas dá no mesmo) precisa se isolar. Ele vai de um polo a outro do mundo, mas precisa se isolar para criar. Então, eu sossego e escrevo.
O dia é duro. Neste dia minha vida é outra. Passo por momentos muito diferentes das pessoas. Uma das horas mais gostosas é quando eu começo a escrever, até mesmo sobre coisas que nada têm a ver com a minha vida profissional.
Apesar de eventualmente escrever sobre alguns assuntos ocorridos no dia, ninguém sabe o que fiz, o que faço, o que passo, o que penso, o que decido, quem morreu ou viveu. Como o "mundo virtual" tem mente curta, pensam que minha vida se restringe a fazer pps ou textinhos para a Net.
Bem, de certa forma, até é uma boa parte do meu mundo, mas apenas do mundo que deixo transparecer. Isso não dá o direito de ninguém achar que sou uma perdida em computadores. Só mesmo quem tem cabeça pequena e usa o pc pra fazer merda é que acha que eu sou tão idiota quanto. Quero ver fazer pelo menos parecido...
Não me gabo. Só falo a verdade. Hoje mesmo disseram que sou dona da verdade, que sou prepotente, que sou irredutível, que sou um monte de coisa. Quem mandou mexer com quem estava quieto?! Falou, ouviu! Eu tava quieta.
Por exemplo: Nunca envio anexos para os outros. Isso é raríssimo. Não falo com muitas pessoas pessoalmente por e-mail, mas alguns me acusam de enviar coisas que não enviei, ignorando que hackers e gente da pior categoria estão à espreita, principalmente pessoas com problemas sexuais, de relacionamento ou complexadas, e que me veem como ameaça. Ameaça velada, pois nunca quero ocupar lugar de ninguém, só o meu.
Não fico de papo, a não ser que este papo seja aproveitável para algum fim. Alguém me vê por aí batendo boca em páginas da Net? Não dá tempo e nem quero, pois bater boca significa se ridicularizar tal qual o agressor. Eu mando logo pra aquele lugar e tudo bem - ou aguardo a hora certa de detonar o indivíduo.
Eu só envio coisas através do meu site (meu, só meu e que eu gasto tempo e grana pra manter). Se recebem algo vindo de mim é porque estão cadastrados para isso e o quiseram. Alguns amigos fazem questão de não se cadastrar de propósito (geralmente os mais importantes de minha vida). Eles dizem que eu TENHO que lembrar deles. Aí, ao enviar uma atualização, lá vou eu matutando: "Será que este puto está no site ou não?". Quando não estão, eu tenho que um a um escolher e-mails.... Eles adoram, ficam extasiados, e eu, pau da vida.
Mudando para outro âmbito, passo a primeira tática contra quem sente inveja de nós: TRABALHAR mais ainda, ignorar e continuar nosso caminho, desprezando quem nos traz pra trás.
Até alguns amigos que imaginamos acima de qualquer suspeita podem nos surpreender em momentos que só uma virginiana percebe. Eles se denunciam com olhar de profunda decepção, por não se igualarem a nós (uma dor de cotovelo do cacete); ficam tristes por estarmos produzindo. Isso não é perceptípvel aos olhos da maioria, mas para uma virginiana isso é claro como a água que o mosquito do dengue gosta.
Amigos a gente adquire. Inimigos são conquistados. Ao se ganhar fama, estará conquistando inimigos. Adoro inimigos - eles me parecem alvo fácil pra sacanear. Mas amigos invejosos são como o comercial do cartão de crédito: não têm preço.
A segunda tática: A gente conhece um amigo quando os colocamos diante dos nossos inimigos. Em pouco tempo você conhece quem vai ficar de frente a ele ou vai ficar ao lado de.
Terceira tática para nos livramos de amigos inimigos: Adiante-se aos acontecimentos. Isso evita uruca. Reze antes, ponha sal grosso em todas as partes do corpo, até nos orifícios, e diga: "Estou feliz!".
Se a pessoa piscar, perder o sorriso e depois esticar os beiços numa máscara edionda de compreensão, então, já sabe... Estremeceu nas bases, é seu inimigo. Vai passar rapidamente uma carga desgraçada de inveja e desgosto. Serão alguns segundos. Se você se protegeu espiritualmente, estará seguro. Se não, mande-o pro lugar comum a todos os imbecis, que a carga de energia que você vai passar espanta até o demo. Pelo menos você não enfarta cedo...
Quarta tática: Seja falso e conviva. Dizem que é uma boa tática ter os inimigos e amigos-inimigos por perto. Eu não consigo. Minha vida foi se afastar das coisas negativas. Por causa disso eu sobrevivo até hoje. Caso eu tivesse vivido com eles, eu nem estaria aqui; ou estaria, mas não tão charmosa, gostosa e... invejada.
Ninguém inveja derrotado. Os derrotados são até amados por todos, porque inspiram inferioridade, sumissão, manipulação. Só invejam os que são superiores em algo, quem sobrepôs, sobreviveu, superou, lutou e conseguiu ser admirado, respeitado, lembrado. O legado do guerreiro é ter uma legião de invejosos em seu rastro.
Muitas vezes quem lhe diz "Eu te amo" está usando a palavra chave para abrir sua guarda. E até conseguem. O "Eu te amo" é pouco dito pelo amigo não invejoso, mas demonstrado em atos. Saberá quando chegar a hora da crise, do impasse.
Pretendo fazer psicoterapia (um dia). Não como especialidade, mas como tratamento... O problema é arrumar alguém que não pire com meus argumentos, ou em quem eu acredite - desconfio de todos com mais, menos ou mais ou menos trinta anos que queiram me dar conselhos ou analizar uma vida toda em uma sala com ar refrigerado.
Gente geniosa, com cabelos nas ventas sofre. Sofre pela ingratidão e sofre pela sua reação. Sofre mais se não enfrentar uma e não aceitar a outra.
Respirar profundo... Contar até dez.... Olhar pro céu e pensar em anjos... Repassar o passado em segundos... Pensar que a gente pode morrer agora; que tudo vai ficar por aí; que só levaremos nossas almas e deixaremos o que de melhor a gente fez... Se formos assim toda hora, com certeza teremos adeptos e seremos idolatrados por alguns, mas jamais concorrentes desta corja que nos rodeia. Veremos os frutos dos nossos lindos atos de amor lá do além, mais cedo do que os que estão aqui pra defender seu lugar.
A arma mais prática, rápida, para não ser rebaixado a um plano que não é o seu, é dizer: "Não gosto disso; não quero isso; não te quero por perto; você não faz parte da minha estirpe" - mesmo dito em um simples, curto e grosso palavrão. Embora isso signifique ser mais só do que o esperado. Afinal, todos que defendem seus direitos e seus ideais, são bravios solitários em meio a uma multidão. Preço que se paga...
Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 19/03/2008
Alterado em 21/02/2009